quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Rolezin (Parte 1)

- Caraca. Vai dize que não parece maneiro esses rolezin aí da galerinha lá do Brasil. Os bacana ficam tudo arrepiado, hahaha. A vontade que dá é faze um igualzinho aqui em pg.
- Pior que domingão fica movimentadão o shopping mesmo.
- Porra, meu. Até parece que você não vê nenhum jornal.
- Você também não vê bosta nenhuma.
- É, mas eu vi esses dias com o meu pai.
- Só porque ele mandou.
- E daí o que é que tem? Não é isso que eu tava falando. Seu chapado.
- E daí o que é que tem?
- É os rolezin do jornal. Vamo faze um aqui em pg.
- Mas a gente já não faz? Essa semana ainda colei la no Palladio com a Franzinha, o Michael, o Peterson, tava também o Gabrielzin. Tu que perdeu.
- Nossa mano. Vai tomar no cu e deixa eu te explicar.
- Ui brabeza.
- Cala a boca. Os role dos cara é monstro. Tipo uns duzentos nego tudo junto entrando. Dai fazem aquela baderna com os tio, hahaha. Tipo uma rebelião. Revolução.
- Meu pai chama de narquia.
- Mas foda-se. A ideia é ir lá e faze que os cara achem loco. Ir la apavorar mesmo.
- To sacando qualé. Mas nem aqui na quebrada tem duzentos nego. E eu acho que ia da cagada também. Se a gente vai la domingo as tia ficam olhando feio. E você sabe que os segurança trampam pra dexa essas tia na boa, longe de nóis. Como se nóis fosse la pra rouba.
- Tão, jão. E a gente rouba?
- Claro que não.
- E nesses rolezin dos outros lugar também ninguém rouba. E se ninguém rouba a gente só ta dando um rolê. Vendo as vitrina.
- É verdade. Mas sei la, mano. Acho que vai da merda. Sem fala que não tem como junta duzentos nego.
- Só ir no Face.
- Se pá. Mas você tem mais amigo que eu lá.
- É, tenho mesmo.
- Então você faz a cena.
- Faço.
- E ta afim de faze quando?
- Sei lá. Na real eu acho que vou convidando uma pá, daí quando tive bastante a gente vai.
- Entendi.
- Sem falar que tá na moda. Galerinha já deve ta sabendo. Já deve ter até gente afim de faze um.
- To achando da hora já a ideia. Apavora uns tiu. Mas não apavoraaaa, só faze o nosso role. Se a gente faz isso nos domingo apavorando os tiu, mesmo sem ninguém rouba ou cria treta, imagina uns duzentos nego.
- Vamo agiliza essa cena então.
- Vamo. Mas eu já vo nessa.
- De boa. Valeu pelo zig.
- Tamo aí.

Vina e Ederson seguiram às suas respectivas casas. No caminho, Vina já imaginava quem convidaria para o rolezinho. Para começar, aqueles três "corpinhos" que conheceu na Magic, final de semana passado. Também convidaria alguns amigos homens, parceiros, que possam botar certo medo nos outros frequentadores do shopping. Preocupava-se, até certo ponto, com a possibilidade da coisa fugir do controle e gerar problemas sérios. Mas apanhar não era uma alternativa.

Durante todo o caminho, o "rolezinho" não deixou seus pensamentos. Quando chegou em casa, matou a larica e deitou no sofá. Ligou a tv:


"Para RJ, rolezinho não é crime e policia só agirá se houver vandalismo"


(...)

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