sábado, 21 de abril de 2012

Voltando firme.

Já estava fazendo falta. A adrenalina pulsando no antebraço e nos dedos, à medida que os falantes gritavam o que era captado. O palco é uma coisa viciante. Em cerca de uma hora é possível ir do céu ao inferno. É se imaginar grande, melhor, acima de tudo e todos.

Vale toda a correria envolvida, as discordâncias e os erros. Os ensaios cansativos, as mães desconfiadas, as pernas cansadas e o amplificador estatelado na calçada. Amadorismo! O amadorismo é uma situação que só se torna prazerosa e possível por causa da amizade e parcerias. Gambiarras, tomadas e cabos. Mulheres subindo no palco e um copo cheio de vodca em cima do seu amplificador.

Onde nós tocamos fazia um eco do caralho. O som estava ruim, nós erramos algumas vezes. Enfim, foi uma balbúrdia embaladora de porres. Por isso que fomos bem sucedidos. Um dos objetivos do rock foi cumprido, que é o da porraloucura. Dioniso ficou feliz.

A banda estava com uma química legal. O Akilez, a energia dele no palco, pelo menos a que ele transmite para os outros músicos, é muito forte. Fiquei com a impressão de que em um lugar melhor, com uma estrutura e preparação melhores, podemos fazer uma puta apresentação.

Ontem foi bom, a perspectiva é melhorar bastante. E eu tô querendo mais.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

O aumento.

Agora pouco ganhei dois cigarros. Vocês não fazem ideia de como isso se tornou uma atitude admirável. Dar cigarros. Eu sempre dizia que a carteira de cigarros deveria vir com vinte e um cigarros, porque sempre alguém te pede um. Quem não fuma não sabe dos sentimentos e reações que envolvem tudo isso.

O cigarro que eu fumava subiu para cerca de sete reais. Só não fui ver ainda o preço certo porque tive medo. Porra, isso é uma afronta! Ser privado de algo que me faz bem. Faz bem sim! O cigarro faz mal pra quem não fuma, aqueles enxeridos que regulam a sua vida. Se eu fumo é porque me faz bem.

Já não bastava essa merda de restrição de lugares para fumar? Agora a restrição é não poder pagar. É, hoje em dia está mais fácil assaltar um caixa eletrônico do que fumar um cigarro.

Tenho esperanças que foi apenas uma jogada errada, um equívoco que logo vai ser consertado. Afinal, a industria do tabaco ainda movimenta seus bilhões, e não é de interesse de ninguém deles que as pessoas parem de fumar. A restrição foi muito grande, a caída nas vendas também será, mas não para o contrabando.

Eu poderia até entrar nos assuntos de impostos e soluções e
 maconha, mas não me apetece. O lance é que machucou profundamente o meu ser, o meu jeitão, e os companheiros de bituca. Já ando numa pindaíba do caralho, nervoso, tenso, precisando do cigarro, mas querem me cobrar sete reais. E nos boêmios momentos também. Fumar um cigarro depois do sexo, depois de comer, tomando uma cerveja ou seja lá qual for a situação que te agrada. É algo que não nos deveria ser privado.

Nem minha namorada, que volta e meia dá uma reclamada do cigarro, vai ficar feliz com esse aumento. Quero ver ela aguentar o rabugento aqui vociferando pelos cantos.

E aí eles falam que não é privação, que o cigarro ainda está la para comprarmos. Porra, se isso não é privação é o que? Comprando uma carteira por dia, no mês, chutando bem baixo, isso vai resultar num aumento de cento e cinquenta reais por mês.

Sinto que levantei a bandeira do tabagismo nesse texto, mas não é isso que eu quis mostrar. É algo que está quase infringindo o direito de ir e vir, e isso deve ser combatido e repudiado.