domingo, 23 de dezembro de 2012

Deu bandeira na punheta.

Eu fui me alistar ao exército brasileiro. Meu nome é João Paulo. Conhecido entre os amigos como João da Bronha. Nunca neguei esse apelido, muito pelo contrário, eu justificava-o. Várias vezes meus amigos me surpreenderam tocando uma e, eu nunca, nunca mesmo, fiquei envergonhado pela situação em que me encontravam. Meus amigos vinham com piadinhas e tal, mas eu sempre tive uma resposta na ponta da língua: sou feio pra caralho e minha mão é mó gostosa.

O dia do alistamento foi muito chato. Só uns exames sem graça, jurar bandeira e tal.

Você quer servir ao exército brasileiro?!
Quero sim senhor...
Responde igual homem!
QUERO SIM SENHOR.

Me admitiram como milico.

Eu estava sossegado, tocando as minhas, limpando armas, fazendo ronda, arrumando a cama. Um dia um oficialzinho de merda com uma patente superior à minha me surpreendeu enquanto eu praticava a ação que justificava o meu apelido.

Porra, João.
Foi mal, senhor. Quero dizer, desculpa, senhor.
Vai ficar tocando punheta no quartel?
É que eu gosto, senhor.
Puta que pariu! Eu também gosto, mas eu tenho modos e respeito pela pátria. Imagina se você goza na bandeira!
Eu sempre tenho muito cuidado, senhor.
Foda-se. Tu ta preso.
Não precisa disso, senhor. Eu sou um bom soldado, você sabe. Vou parar com essa mania.
Hahahahaha, parece um punheteiro nato falando. Só te faltam umas espinhas pela cara.
Desculpa, senhor. Acho que não é caso pra me prender.
Eu tenho que te prender e, afinal, todo mundo toca punheta por aqui. Isso vai ser só pra você ficar mais esperto e baratinar melhor.
MAS, MAS MAS...
Não tem mais nem menos. Você ta preso por uns dois dias, mas pode ficar sossegado que você vai ter um banheiro só pra você. Agora vai tocar por dois dias sem parar e sem ninguém ver, hahahaha.

Eu fui preso. Foram os dois melhores dias da minha estadia no quartel.